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PÉ DIABÉTICO

É uma complicação tardia do diabetes mal controlado. Tanto o diabetes tipo I (auto imune) quanto o tipo II (associado à resistência periférica à insulina) podem evoluir para as complicações do pé diabético. Níveis de glicemia (taxa de açúcar no sangue) persistentemente elevados ao longo dos anos, causa uma inflamação na parede das artérias que cursa com aterosclerose severa e de rápida evolução.

 

CLÍNICA

O pé diabético ele pode ser classificado em 4 tipos:

– Isquêmico: A principal manifestação é a dor ao realizar exercícios e muitas vezes há úlceras isquêmicas associadas, que são extremamente dolorosas e de difícil cicatrização.

– Infeccioso: As úlceras de longa duração tendem a serem colonizadas por múltiplos tipos e espécies de bactérias. À medida que a infecção evoluiu, ela passa a acometer tecidos cada vez mais profundos, destruindo músculos, tendões e até o osso. Se não diagnosticada e tratado a tempo, o pé diabético infeccioso pode evoluir para infecção generalizada, sepse, coma e até óbito.

– Osteopático: As alterações inflamatórias podem comprometer toda a estrutura óssea do pé, alterando a conformação dos arcos plantares. Isso gera áreas anômalas de pressão, ou seja, áreas que não estão preparadas anatomicamente para suportar peso passam a ter que lidar com isso. O resultado é formação de bolhas, calos, feridas e lesões ulceradas, além de alterações na marcha que propiciam quedas e traumas.

– Neuropático: O pé diabético neuropático é caracterizado pela lesão irreversível dos nervos das extremidades, o que cursa com falta de sensibilidade tátil e dolorosa. Pode ser dividido e fases, nas quais há perda progressiva da sensibilidade até que o pé fique anestesiado. Na fase da anestesia, até grandes traumas podem não ser dolorosos o que leva a demora na percepção de que há lesão e esta fica cada vez maior e mais grave. O pé diabético neuropático, junto com o isquêmico, são os que trazem maior risco de amputação.

 

FATORES DE RISCO

O principal fator de risco associado ao desenvolvimento do pé diabético é a diabetes mellitus sem controle satisfatório, ou seja, quando as taxas estão sempre acima do alvo determinado pelo médico. Alguns fatores podem ajudar a prever a ocorrência de pé diabético:

– Microangiopatia (lesão dos pequenos vasos) em outros territórios:

– Comprometimento da retina (retinopatia diabética);

– Glomerulopatia (comprometimento dos rins);

– Obesidade;

– Tabagismo

– Sedentarismo

– História prévia de Acidente vascular cerebral (AVC) ou Infarto Agudo do miocárdio (IAM)

– Hipertensão (pressão alta)

– Hipercolesterolemia (colesterol alto).

Todos esses fatores combinados, aceleram o desenvolvimento da lesão endotelial causada pelo diabetes, favorecendo o acúmulo de gordura na parede das artérias conhecido como aterosclerose.

 

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é clínico, feito através de um exame físico detalhado. A palpação dos pulsos distais já nos indica como está o funcionamento da circulação, permitindo avaliar a gravidade da isquemia. O uso do monofilamento de 10g nos permite avaliar no consultório como está a sensibilidade dos pés e com isso inferir o risco de sofrer um trauma e não perceber.

O diagnóstico pode e deve ser complementado com alguns exames como o doppler arterial dos membros inferiores, o doppler de carótida, avaliação da marcha (baropodometria), avaliação do fundo de olho com oftalmologista, avaliação da função dos rins com o nefrologista. Podemos concluir que o diabetes é uma doença multifatorial e que acomete todos os vasos do corpo, por isso o acompanhamento multidisciplinar é fundamental.

 

TRATAMENTO

O tratamento do pé diabético tem como objetivo evitar complicações mais graves como a amputação e prevenir as doenças cardiovasculares que são desenvolvidas com o diabetes como o Infarto e o AVC. Estima-se que 30% dos pacientes que precisaram de uma amputação, vão ser submetidos a outra amputação nos próximos 3 anos. Este é o principal dado que nos faz apostar e prescrever um tratamento agressivo para o pé diabético, é a prevenção de uma situação que piora exponencialmente a qualidade de vida as pessoas.

A principal meta do tratamento é manter o controle rigoroso do diabetes.

A segunda meta do tratamento é prevenir lesões e aqui vou deixar algumas dicas:

– Fazer a inspeção dos pés todos os dias. Esta inspeção deve ser feita por um membro da família em busca de calos, bolhas, áreas de pressão, lesões como frieiras ou micoses – Aqui pedimos para que alguém da família faça porque o paciente com diabetes já pode ter comprometimento visual pela retinopatia diabética e não enxergar as lesões menores;

– Não usar calçados apertados, de bico fino ou de sola fina. Preferir calçados de cadarços ou velcros que podem ser ajustados caso a perna fique inchada;

– Não usar chinelo de dedo, tipo havaiana, pois a pressão de segurar o chinelo nos pés fica entre os dedos, o que pode levar a maceração da pele e lesões. Essas lesões por menores que sejam, configuram porta de entrada para bactérias causadoras de infecções;

– Optar por sapatos cuja sola externa (aquela que tem contato com chão) seja bem dura e resistente e a sola interna (aquela em contato com a planta do pé) seja macia;

– Não retirar cutícula das unhas na manicure e de preferência ir a um podólogo com treinamento em pé diabético para cuidar das unhas. Um simples “bife” retirado pela manicure pode evoluir com sequelas graves dependendo do comprometimento circulatório dos pés;

– As unhas devem ser cortadas no formato quadrado deixando-a 1mm (um milímetro) maior que a pele, para prevenir que encrave. Nunca deve-se cortar os cantos;

– O uso de palmilhas feitas sob medida é recomendado para melhor distribuir a pressão nos pés, prevenindo as lesões, calos e bolhas;

– Consultar seu médico angiologista e cirurgião vascular regularmente e qualquer sinal de lesão ou em caso de dúvidas, antecipar a visita.

– Lembre-se: a prevenção é o melhor tratamento para o pé diabético.

COMPLICAÇÕES

As principais complicações do pé diabético são as sequelas que podem gerar, tais como amputações, dificuldade de marcha, dor do membro fantasma e a evolução das doenças cardiovasculares como infarto e o AVC.