DOENÇA CAROTÍDEA
Acomete as carótidas é a aterosclerose, ou seja, é mais uma manifestação das doenças cardiovasculares – responsável também pelo infarto do coração e pelo AVC – em que as placas de gordura se acumulam e prejudicam o fluxo de sangue para o cérebro. Quando ocorre obstrução completa do fluxo, temos o Acidente Vascular Cerebral (AVC), quadro dramático e com alto potencial de sequelas motoras (dificuldade de realizar movimentos), cognitivas (de raciocínio) ou de fala.
Existem outras causas de AVC, como a embolia cardíaca, quando o coração tem algum problema (doença de Chagas, aneurisma de ponta, arritmias, etc) que favorecem o surgimento de trombos (coágulos) e estes viajam pela circulação podendo obstruir o fluxo arterial em um território, mas aqui vamos falar da doença aterosclerótica (que é a formação de placas de gordura) e que é o alvo do tratamento pelo cirurgião vascular.
As artérias mais estudadas na investigação do risco de AVC são as artérias carótidas e as artérias vertebrais. A irrigação cerebral é proveniente da combinação entre essas artérias, sendo que temos duas artérias vertebrais – direita e esquerda – na parte posterior do cérebro e duas artérias carótidas – direita e esquerda – na parte anterior. As artérias carótidas ainda são subdivididas em Artéria carótida interna (que leva o sangue pro cérebro) e artéria carótida externa (que irriga a face), portanto, quando falamos de risco de AVC, as artérias de interesse são a carótida interna e a vertebral. Tanto as carótidas quanto as vertebrais tem origem no arco aórtico ou nos seus principais ramos, tendo o trajeto pelo pescoço até dentro do crânio. Por isso, o exame de escolha para avaliação é o Doppler de carótidas e vertebrais.
CLÍNICA
A doença carotídea é assintomática até que ocorra um evento cerebrovascular, por isso é importante o rastreio periódico das placas de gordura nas artérias. É recomendado o exame a partir dos 40 anos de idade e a partir daí a frequência do checkup será determinada pelo seu médico, de acordo com os fatores de risco detectados, condições físicas e resultado do primeiro exame.
FATORES DE RISCO
Existem algumas condições que aumentam o risco de doença carotídea, dentre elas, as principais são:
– Hipertensão (pressão alta);
– Diabetes;
– Tabagismo;
– Sedentarismo;
– Hipercolesterolemia (colesterol alto);
– Obesidade.
Os fatores de risco para doença cardiovascular (Infarto e a doença arterial obstrutiva periférica) são os mesmos fatores de risco para doença carotídea, uma vez que essas são manifestações da mesma doença em territórios diferentes. A prevenção de uma implica em redução do risco para a ocorrência de todas.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é feito quando o paciente tem algum evento cerebrovascular ou quando é feita a triagem populacional. Todas as pessoas com idade acima de 40 anos, portadores de hipertensão, diabetes, tabagistas, obesos ou com colesterol alto devem fazer a triagem periodicamente. Parentes de primeiro grau de pessoas que tiveram qualquer evento cardiovascular também devem ser submetidos à triagem de doenças relacionadas à síndrome metabólica.
TRATAMENTO
O tratamento é feito com medidas clínicas, medidas comportamentais e alguns casos é necessário o controle cirúrgico da placa.
– Medidas clínicas: O principal objetivo é controlar os fatores de risco e minimizar a velocidade de crescimento da placa de gordura. Uma vez que você tem a placa, não há remédios, até o momento, capazes de reduzi-la ou fazê-la desaparecer, por isso é importante controlar os fatores que risco que aceleram o crescimento da placa. Desta forma, diminui o risco de eventos cerebrovasculares como o AVC e evitamos o procedimento cirúrgico. Aqui, o mais importante é manter as taxas sob controle – controle de pressão arterial, do diabetes, do peso e cessar tabagismo.
– Medidas comportamentais: É a mudança de hábito e estilo de vida. Procurar ter uma alimentação saudável, evitar comer em excesso e praticar atividade física. Uma alimentação balanceada inclui verduras, legumes, carnes magras e aqui vale a máxima que sempre ouvimos das nossas avós, um prato colorido em que há mais alimentos descascados do que desembalados, já é um grande avanço! Quanto a atividade física, recomendamos a prática de exercícios regulares 3 vezes por semana 1 hora por dia OU 5 vezes na semana 30- minutos por dia. Para a prática de exercício físico vale lembrar que modalidades que você goste tendem a virar hábito mias facilmente.
– Tratamento cirúrgico: O tratamento cirúrgico é indicado quando temos instabilidade da placa o que gera trombo local que pode se desprender e causar um AVC ou placa muito grande que compromete o fluxo de sangue. Nesses casos, o tratamento cirúrgico é fundamental uma vez que o risco de um AVC é iminente. Hoje em dia, podemos lançar mão da cirurgia convencional que chamamos de endarterectomia ou do tratamento endovascular por angioplastia. De acordo com a avaliação personalizada, seu médico vai definir qual a melhor modalidade cirúrgica para o seu caso.